Aqueles que estão perto dos 50 anos, como eu, presenciaram muitas mudanças no mundo. Viveram na pele a mudança de um mundo totalmente analógico para um quase inteiramente digital. Basta lembrarmos que para comunicar com alguém distante só tínhamos as cartas enviadas pelos correios. Ah, e escritas à mão ou, para os moderninhos, usando máquina de escrever!
Além disso, o que dizer então dos que trabalham na área de Tecnologia há mais de 25 anos? Essa mudança foi dramática. Usávamos disquetes, BBS’s em DOS, desconfiávamos de telas gráficas e fazíamos backup usando dezenas de fitas, trocadas durante a madrugada.
Essa evolução criou diversas áreas dentro da TI. Algumas delas recebem mais investimentos e atenção. Outras, que não estão tanto no foco, podem ser esquecidas. Uma área que normalmente é deixada de lado, até que o pior aconteça, é o backup e a continuidade de negócios. E hoje vou falar um pouco desse assunto. Vem comigo.
Inovação em backup
Lembro a primeira vez que vi o VMware® em funcionamento. Foi em 2001. Eu trabalhava no Jornal Valor Econômico e demorei a entender o conceito de um único servidor (hardware), disponibilizando diversos servidores (máquinas virtuais). Hoje é algo tão natural que difícil é ver um servidor não virtualizado!
Não é muito diferente quando falamos de backup. Em 1996 eu administrava a rede de uma multinacional e usávamos discos óticos regraváveis de 700 MB (nunca mais vi desses). O problema, porém, era que o backup full utilizava entre 10 e 12 discos. Eu revezava com um colega, semana sim, semana não a troca de discos de sexta para sábado.
Quando me deparei com a primeira Tape Library foi uma surpresa. Os novatos não perderiam mais as noites de sono trocando fitas, já que elas são trocadas automaticamente. Acontece que, para muitas empresas, a Tape Library, foi a última inovação na proteção dos dados. No máximo, talvez, algumas se aventuraram pelo do backup em disco.
Todavia, isso é muito pouco comparado com toda a tecnologia que temos disponível para proteção de dados. Na próxima seção falarei um pouco sobre isso.
Principais inovações em backup
Como eu disse anteriormente, muitas organizações ainda utilizam o backup tradicional, onde os arquivos são copiados um a um em uma fita ou unidade de disco. Funciona. Contudo, o backup (como tudo referente à tecnologia) evoluiu e temos várias novas funcionalidades que, além de diminuir a famigerada “janela de backup” pode ser uma opção mais econômica.
Abaixo uma lista das principais inovações quando falamos de backup e um resumo de suas funcionalidades. Em outros artigos irei abordar de forma mais profunda cada uma delas.
1. Backup de imagem
Nas soluções tradicionais os arquivos são copiados um a um para o destino de backup. Isso demanda que cada arquivo seja acessado, copiado e depois finalizado o acesso, o que toma tempo. Já reparou como servidores com muitos arquivos demoram mais para terminar o backup do que servidores com pouco arquivos, mesmo que o volume deste último seja bem maior? Isso ocorre pelo tempo de processamento de cada arquivo individualmente.
Uma solução de backup de imagem gera uma “foto do sistema” no momento da cópia e a transfere como um único arquivo. Com isso o tempo de cópia é otimizado, pois o processamento do arquivo se dá uma única vez.
Além dessa vantagem, as cópias por bloco possibilitam a restauração do sistema protegido por completo. Por fazer a cópia de todos os arquivos (Sistema Operacional, drives, aplicativos instalados, dados de aplicações e usuários, bancos de dados etc.), é possível restaurá-lo totalmente em poucos cliques. Sem nenhuma reinstalação manual.
2. Desduplicação em nível de bloco
Ok, a palavra desduplicação (ou deduplicação para alguns) não existem na língua portuguesa… ainda. Vem do inglês deduplication e como o próprio nome já diz, significa retirar os dados duplicados. Isso é muito útil, já que em um único servidor podemos descobrir vários arquivos iguais.
Agora, quando falamos de desduplicação em nível de bloco, economizamos ainda mais espaço. Isso porque, todos os arquivos armazenados são sequencias de zeros e uns, independente de seus conteúdos. E essa sequência pode se repetir em arquivos diferentes, por exemplo, nos documentos do Microsoft® Word há um cabeçalho que identifica o tipo de arquivo. Uma sequência de zeros e uns presente em todos os documentos Word, independentemente de seu conteúdo. A desduplicação por bloco copia uma única vez os dados dos cabeçalhos Word e os arquivos são copiados sem esses bytes.
A desduplicação permite uma economia de, no mínimo 66% no espaço para armazenamento de seus backups. Sem falar que em algumas soluções – como o Arcserve UDP – essa desduplicação é global, ou seja, compara os blocos de arquivos em diferentes origens (servidores).
Além disso, com a desduplicação na origem, a rede de comunicação – e o link de Internet em caso de backups remotos – é otimizada, pois nela só irão trafegar os dados desduplicados.
3. Backups incrementais infinitos em nível de bloco
Uma das preocupações mais comuns para os administradores de rede era se a janela de backup seria suficiente o full semanal. Era! Isso porque com o backup incremental infinito não é mais necessário se realizar periodicamente cópias de todos os dados. A própria ferramenta faz a cópia apenas do que foi alterado desde o último backup realizado e, de acordo com a política configurada, gera automaticamente novos fulls.
Além disso a cópia incremental em nível de bloco não funciona como o incremental tradicional, onde o arquivo alterado é novamente copiado em sua totalidade. Ele faz a cópia apenas dos blocos alterados no arquivo.
Aliado as vantagens do backup, há também a vantagem no restore. Ao contrário dos restores tradicionais, onde era necessário retornar o backup full, seguido de todos os incrementais, no incremental infinito isso não é necessário. Cada incremental funciona como um backup full e pode ser restaurado tanto em sua totalidade como de forma granular.
4. Replicação automatizada de backups
Para um nível maior de proteção uma cópia do backup full – normalmente uma fita – era levada para fora da empresa. A famosa cópia offsite. Isso não é mais necessário, já que as novas soluções permitem diversos estágios automatizados durante o backup, inclusive a cópia para um site remoto.
Podemos, por exemplo, realizar o backup incremental infinito em disco local e periodicamente levar essa cópia – a partir do backup e não dos sistemas em produção – para um site remoto ou nuvem. E isso utilizando todas as funcionalidades que vimos até agora (imagem, desduplicação e incremental infinito).
Isso só é possível devido a otimização dos dados copiados e as tecnologias presentes em algumas ferramentas, como controle de banda.
5. Backup em nuvem
Falei no tópico anterior sobre cópia para nuvem como uma opção para backup offsite. Mas que tal uma nuvem disponível para realizar backups diretos para ela, sem necessitar de nenhuma infraestrutura local? Sim, isso já é possível. Tanto para backups de sistemas completos (data centers) como de estações de trabalho.
Com isso poupa-se gastos com infraestrutura internas como hardwares, softwares, conectividade, storages, além de contar com uma nuvem especializada em backup e continuidade de negócios.
6. Testes automatizados de restore
Normalmente o backup só é lembrado em um momento de crise. Quando um sistema perde os dados ou os usuários seus arquivos. Não é raro nesses momentos enfrentarmos problemas durante o restore. Isso porque é muito difícil dedicar tempo e recursos para testes periódicos de restauração e o procedimento só é realizado quando mais se precisa dele.
Já imaginou testes de restores automatizados com possibilidade de checar não só a integridade dos arquivos “backupeados”, mas o funcionamento de sistemas completos? Saiba que isso já é possível.
Quer saber mais?
Ficou interessado no tema? No próximo artigo irei abordar um assunto correlacionado: as inovações em continuidade de negócios. Não perca!
Os consultores da ITware têm mais de 15 anos de experiência com backup e continuidade de negócios em parceria com a Arcserve.
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Marcos Siqueira é sócio e diretor da ITware Soluções em TI. Com mais de 27 anos de experiência em Tecnologia da Informação, navega em diversos assuntos, incluindo transformação digital, privacidade, computação em nuvem, DevOps e segurança cibernética.